quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

MARMELADA?

Hoje passei aqui a título de protesto.

Vou falar porque sou cidadã brasileira e me sinto no dever de botar a boca no mundo quando vejo algo que possa estar errado.

Eu sei que sou somente uma pessoa e que sozinha não vou mudar o mundo, mas se todos pensarem assim, as coisas não vão mudar nunca e tampouco, melhorar!

Fiz a inscrição para um concurso público do Consulado Brasileiro em Sydney. Preenchi todos os requisitos e mandei toda a documentação necessária, que foi entregue em mãos. A prova foi hoje e não recebi nenhuma resposta sobre minha inscrição, embora tenha tentado veementemente contato por telefone e email.

Vejam edital: http://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/Sydney/pt-br/file/Edital%20AA%202010.pdf

Gostaria de apontar aqui algumas possíveis irregularidades que encontrei no edital do concurso para trabalhar na administração do Consulado de Sydney.

Primeiramente, o edital não aborda como os candidatos cujas inscrições fossem aceitas seriam convocados. Eu mesma, tentei ligar várias vezes sem sucesso e enviei email perguntando sobre a seleção, porém não obtive resposta.

Isso também fere o Princípio Constitucional da Publicidade, ou seja, os atos administrativos ao serem feitos públicos, conferem a total transparência dos atos da Administração Pública. Portanto, uma lista deveria ter sido publicada para que ficasse claro e transparente o número de convocados para a prova. Não há necessidade de segredo nesse caso, a não ser que houvesse algo a esconder.

Segundo, os prazos entre a seleção e as provas eram muito limitados. A seleção ocorreria entre 26 e 31 de dezembro e a prova seria aplicada no dia 05 de janeiro, mas lembrando que do dia 25 de dezembr até o dia 03de janeiro foi feriado aqui na Austrália. Ou seja, a pessoa teria somente um dia para se preparar para a prova e se organizar para comparecer ao consulado. Isso levanta suspeitas, já que parece que o intuito era eliminar candidatos de forma fácil, não dando um prazo razoável para preparação e organização dos mesmos.

Além disso, as instruções do edital, não dão a possibilidade de apelo ou recurso em nenhuma fase do concurso, gerando assim, atitude discricionária .

Outro ponto seria o fato de haver seleção prévia, de acordo com o currículo, antes da realização da prova.

A meu ver, caso o candidato preenchesse os requisitos e apresentasse a documentação pertinente, ele deveria ser convocado para a prova, já que no edital, as provas equivalem a 60% dos pontos e a entrevista, equivale a 40%. Ou seja, o currículo deveria ser avaliado somente no momento da entrevista. Portanto, há discriminação e afronta ao princípio da isonomia/igualdade logo de antemão.

Note-se também que uma coisa é a liberdade para escolher os critérios e as pontuações pertinentes, outra coisa bem diferente é deixar de colocá-los no edital ou inseri-los de modo vago e deficiente.

Por fim, o edital e a conduta do consulado com relação ao concurso traz muitas obscuridades e claro, como frequentemente acontece nos órgãos públicos do Brasil, uma maior transparência de atos e condutas fica a desejar, fazendo com que o povo brasileiro continue duvidando de sua integridade.

Ai, ai, Brasil. Eu ainda te amo, mas às vezes, você me decepciona...

7 comentários:

  1. Ai Fe, que situação mais triste, imagino que deves ter ficado desapontada. Tem mesmo que botar a boca no trombone!

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  2. Nossa, Fê, estou passada. Te dei a dica do concurso porque pensei que seria algo confiável, mas vejo que em se tratando de Brasil as coisas nunca são feitas pelo caminho da honestidade.
    Fico muito triste com isso tudo, mas eles é que tem mesmo que se preocupar, porque perderam uma pessoa que teria muito a acrescentar naquele lugar. Talvez tenha sido esse o problema.
    É difícil dizer isso, mas eles não sabem fornecer informações básicas, como p.e. como funciona o registro de crianças brasileiras aqui na Au. Se vê bem que quem trabalha lá não sabe nem pq. acordou de manhã.
    E acho que a gente tem que botar a boca no mundo mesmo. Pode ser uma gotinha no oceano, mas fizemos a nossa parte.

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  3. Eu se fosse voce; mandava cópia deste texto, para
    o máximo de meios de comunicacoes.
    Tá na cara que as pessoas já estavam escolhidas.

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  4. Muito triste e frustrante. Bota a boca no mundo mesmo!

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  5. Pois é meninas, nao consegui ficar quieta, e sei que isso pode até me prejdicar, mas como quase ninguém reclama, eles fazem o que querem na cara dura e impunemente...
    Ainda vou enviar passar a denuncia adiante, mas infelizmente, nao acho que vá mudar alguma coisa, mas é como a Fla disse, mesmo que seja uma gotinha no oceano, vou continuar fazendo a minha parte!
    Beijos a todas!

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  6. Todos somos iguais perante a lei, mas não perante os encarregados de fazê-las cumprir. (S. Jerzy Lec)
    Fê... eu iria em frente com um processo contra os organizadores do concurso. Você tem as provas, você não foi contatada para a prova, isso é inaceitável. Sabemos dos concursos arranjados, sabemos das desonestidades no sistema público brasileiro, porém não podemos nos calar se sabemos que podemos no mínimo mudar algo protestar pelos nossos direitos.
    Eu participei de alguns concursos, poucos, na minha área, sei que existe a vaga direcionada, mas sei também que alguns contemplam honestamente a pessoa que após análise da banca examinadora seria a melhor para o cargo/departamento e instituição. Pelo que eu conheça de concurso na área acadêmica, primeiramente são realizadas as provas teórica/prática, depois análise do currículo e então a entrevista.
    Vá em frente, você tem base para se defender e mudar o sistema.
    Um beijo

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  7. É amiga, é muito revoltante a situação, mas por um lado, até que consegui fazer com que o concurso fosse de certa forma, regularizado...
    Minha luta já valeu.
    Beijokas!

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