domingo, 26 de setembro de 2010

DÚVIDAS SOBRE A DECISÃO DE MORAR NO EXTERIOR

Todo mundo que vai morar fora costuma passar por uma fase que eu gosto de chamar de fase dos „ses“.  

Fase essa que considero bem chatinha já que não nos acrescenta muito em termos de desenvolvimento pessoal, mas que por outro lado, nos faz entender que não podemos controlar tudo em nossa vida.
Há coisas que não dependem da gente e nós temos que estar ok com isso. Essa fase também costuma chegar depois de alguns meses fora, após aquele período em que tudo é novidade.
Mas afinal, em que consiste essa fase?
Essa é a fase da indagação: e se eu tivesse ficado no Brasil? E se eu tivesse procurado outro emprego? E se eu tivesse escolhido outro lugar/cidade/país para morar? E se eu não for feliz aqui? E se eu me arrepender? E se eu não aguentar de saudade? E se... e se... etc, etc, etc...
Apesar de saber que fase dos “ses” é meio que infrutífera e só faz a nossa ansiedade aumentar, vou confessar que sou meio fã desses questionamentos... Acho que isso vem um pouco do meu signo (peixes), pois eu adoro imaginar como seria tal situação se eu tivesse agido de tal forma e que consequências isso traria para minha vida. Ou seja, fantasio muito, adoro, e confesso que,  as vezes, é difícil voltar para o mundo real!
Sabe aquele frase do Raul “prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”? Pois  é, sou meio assim!
Porém, apesar de gostar de dar uma viajada,  me dou sempre um limite, tento não me entregar em exagero e me forço a voltar a pensar racionalmente, pois a verdade felizmente ou infelizmente, nesse caso,  é uma só. Quando tomamos uma decisão e agimos de acordo com ela, traçamos nosso caminho e seguimos em frente. Nós nunca teremos a certeza de que acertamos ou erramos. É como um tiro no escuro mesmo. Então de que adianta ficar remoendo?
O que é construtivo nisso tudo é saber se estamos satisfeitos ou não com a situação. Se sim, ótimo, seguimos em frente. Se não, sempre há tempo para mudar o caminho, desviar, contornar ou até retornar.
Essa é a beleza da vida. Nós não podemos controlar tudo, mas nós podemos fazer escolhas, modificar nosso caminho  e sobretudo, nós podemos mudar de opinião!
 “Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.” Alexandre Herculano

terça-feira, 21 de setembro de 2010

BRAZILIAN DAY

Há 10 anos acontece o Ritmo Brazilian Day em Sydney. Esse ano o evento aconteceu no dia 19 de setembro no Tumbalong Park, em Darling Harbour.

Foi ótimo ver a comunidade e cultura brasileiras reunidas num lindo parque, com muita alegria, simpatia e receptividade, características típicas de nós, brasileiros.

Deu para matar a saudade da culinária brasileira também. A festa estava repleta de delícias da nossa terra: pastel, feijoada, bobó de camarão, brigadeiro, manjar branco, bolo de cenoura, salgadinhos em geral, churrasco, churros, pão de queijo, guaraná, etc.

A festa também contou com bandas tocando música brasileira, teve show de samba e apresentação de capoeira.

Eu fiquei impressionada com a quantidade de brasileiros em Sydney. Todo mundo sempre comenta que a Austrália é um dos destinos preferidos dos brasileiros, mas vendo ao vivo, realmente é incrível!

Tinha também muito australiano curtindo a festa, a culinária e a música. Deu para ver que eles são literalmente fãs da cultura brasileira.

Enfim, em eventos assim, a gente aproveita para usufruir da oportunidade de sentir um pouco da nossa cultura e para não esquecer de onde viemos. Porém, apesar de ser um momento festivo e alegre, também escutamos alguns brasileiros desprezando muitos aspectos da nossa cultura.

Embora a gente não seja obrigado a gostar de tudo que é caracterizado como cultura brasileira, é importante respeitar toda a forma de manifestação desta, já que a cultura é um movimento coletivo e interesses individuais não deveriam prevalecer.

Me lembro bem de uma frase de Confúcio que escutei no curso de Direito: "A cultura está acima da diferença da condição social."

Concordo e assino embaixo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

OS PONTOS POSITIVOS DA AUSTRÁLIA

"Inspiração vem dos outros. Motivação vem de dentro de nós."

Como vocês sabem, eu estou adorando viver aqui, mas também curti muito morar no Canadá e na Alemanha. Cada lugar é especial por determinados motivos e esse post, é dedicado aos pontos positivos daqui e que, consequentemente,  acabam por proporcionar o bem estar e a motivação necessária para ir sempre em frente.

Segue  o link da matéria que escrevi para o site Austrália Brasileira sobre os motivos para escolher a Austrália como destino para morar, para estudar ou para viajar:


Espero que gostem!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

NEM TUDO SÃO FLORES

Uma amiga (irmã de coração) está tendo, pela primeira vez, a oportunidade de viver fora do Brasil por um longo período. Experiência essa que ela sempre desejou e lutou muito para conseguir. E ela, finalmente, alcançou seu objetivo por mérito próprio e com muito merecimento!

Mas onde é que estou querendo chegar com esse assunto?

É que recentemente nós tivemos um ótimo papo e pudemos dividir experiências, que antes nos eram mais limitadas, já que há coisas que somente podemos compreender completamente, quando somos colocados na mesma situação.

Falamos da solidão que se sente quando vivemos no exterior, principalmente nos primeiros meses. É incrível como nos sentimos sós, mesmo estando rodeados de pessoas. Eu já passei por isso três vezes, e mesmo com tais experiências, nunca deixei de sentir esse mesmo efeito, esse mesmo conflito de sentimentos, essa mesma solidão.

Porém a vantagem em já ter vivido isso algumas vezes, é saber que esse sentimento muda, passa, só variando o tempo que demora essa mudança, já que isso depende de cada circunstância e de cada pessoa.

Por isso vou dividir com vocês alguns conselhos ou simples observações que notei ao longo de minha caminhada. Tudo isso com o intuito de ajudar outras pessoas que estejam ou estarão algum dia vivendo uma situação parecida.

Primeiramente, os amigos dificilmente virão até você. Então, coloque o chapéu da humildade e vá atrás mesmo! No começo é assim, use seus contatos e suas ferramentas para ir descobrindo pessoas com quem você poderia ter afinidades. Se achar que não está havendo empatia no começo, não desista, uma hora você vai encontrar alguém especial, e que fará toda essa busca valer a pena! E tenho certeza de que você vai se surpreender e encontrará mais de uma pessoa que acabará fazendo a diferença na sua vida.

Segundo conselho, uma vez "enturmado", não espere se tornar melhor amigo de alguém de uma hora para outra. Não é assim no Brasil, porque seria diferente no exterior? Amizade exige tempo, dedicação, para que se consiga chegar a um estágio que gosto de me referir como "conforto". Sabe quando você conhece as pessoas, mas ainda não se sente 100% a vontade para ser você mesmo? Você fica pensando o que dizer antes de dizer, para saber se tal comentário é apropriado, se as pessoas estão gostando de você, etc. Pois é, isso é super normal e esse estágio também passa... Com o tempo, você vai poder dizer suas abobrinhas sem medo de ser feliz e sem medo de ser julgada ou perder a amizade! Você vai sim se sentir confortável com as pessoas!

Só para vocês terem uma idéia, agora é que estou me sentindo nessa fase de "conforto",  ou seja, depois de cinco meses de Austrália. Então, realmente não é da noite para o dia e é normal demorar mais ou menos do que isso. Já diz o sábio ditado: cada caso é um caso!

Por outro lado, na Alemanha eu me lembro de ter superado essa fase mais rapidamente, mas eram outras circunstâncias, um caso especial de um grupo que acolhia e que continua acolhendo com muito carinho os recém-chegados. Caso raro mesmo! Trago muito do meu lado prestativo e acolhedor desse tempo...

Terceiro, quando for se abrir com alguém sobre esse assunto, escolha direitinho com quem falar, senão você vai acabar escutando aquelas coisas típicas e desagradáveis: “ué, mas isso não era seu sonho? Tá reclamando porque? Você que quis morar fora, agora aguenta. Tá ruim aí, volta pra cá! Falei pra você não ir! Você não vai encontrar amigos melhores aí.”

Isso acontece com mais frequência do que imaginamos... Tais comentários vem de pessoas que, na minha opinião, são ainda um pouco pobres de espírito e dão opinião onde não tem condição, por pura falta de conhecimento. Além do que, nem tudo são flores. Isso é assim em qualquer situação da vida... We all should know better...

Mas não desanimem!

No fim das contas, sabe qual o lado bom dessa experiência, às vezes longa, às vezes sofrida?

Crescimento!!! Muito crescimento!!!

E sabem o que mais?

Amigos pra vida toda, amigos sem preconceito de cor, nacionalidade, origem,classe social, religião, idade... Amigos que você conquistou, apesar das dificuldades, das diferenças. Amigos que se apreciam pelas diferenças!

E ainda tem ainda mais...

Nos tornamos mais solidários com outras pessoas recém-chegadas. Aprendemos a estender a mão para essas pessoas porque alguém também já estendeu a mão para a gente e percebemos o quanto isso foi importante na nossa adaptação.

Enfim, adquirimos um nível de valorização das pessoas muito maior do aquele que costumávamos ter. Em outras palavras, passamos a dar um valor muito maior às pessoas que amamos. E esse ponto, tenho certeza, é unânime! Não é?

"A melhor maneira de amar de novo a pátria é afastar-se dela por algum tempo." (Nicolai Lesskov)