segunda-feira, 29 de agosto de 2011

É a Cara da Austrália – Música


A partir de agora, vou começar a escrever aqui  uma série de posts chamados: “É a cara da Austrália”.

Nessa série,  vou abordar vários pontos para tentar simbolizar tudo que é característico e cultural no país e o primeiro post da série vai ser sobre música, tema que estou querendo escrever já há algum tempo.

Desde que me mudei para Sydney, há mais ou menos um ano e meio, tenho observado bastante o estilo musical da Austrália. 

Eu acredito que a música é uma parte super importante na cultura de um país e evidencia muito o estilo de vida das pessoas. Aqui é possível identificar isso muito claramente.

É claro que cada australiano tem seu gosto pessoal, mas é possível ter uma boa idéia do que se toca por aqui através das rádios, televisão e até nas próprias baladas.

Obviamente que na Austrália também tocam todos os hits do momento, e nesse caso,  é mais ou menos a mesma coisa que toca no Brasil. Mas quero enfatizar nesse post os famosos “clássicos australianos”.

Logo que vim para cá, lembrei  muito da minha adolescência, pois aqui toca muito tudo o que eu escutava naquela época, ou seja, toca bastante o que chamamos de “surf music”. E como aqui tem muita praia, tem também muito surfista, como vocês devem imaginar. Surfe aqui é que nem futebol no Brasil, a criançada aprende desde pequeno.

Abaixo, compartilho alguns clássicos que tocam com frequência por aqui, lembrando que não dá para colocar tudo, então as músicas selecionadas são apenas exemplificativas do estilo australiano. 

E sim, a maioria delas são antigas, mas elas tocam nas rádios daqui até hoje, e com frequência.

Aumente o volume e curta o astral! Esses sons são a cara da Austrália!




quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Custo de Vida na Europa - Uma Comparação

Vou postar aqui o texto de uma outra blogueira: Adriana Setti que achei muito interessante. O texto aborda o custo de vida na Europa versus o custo de vida no Brasil.  A Adriana aborda somente a classe média europeia e a classe média alta brasileira, mas mesmo assim, a leitura tem alguns insights bem verdadeiros. Note-se que não recrimino o jeito que cada um leva sua vida, pelo contrário, acho que cada um está no direito de escolher e usufruir do estilo de vida que quiser, principalmente se estiver feliz, mas a comparação não deixa de ser interessante. Posso, inclusive,  relacionar a situação a alguns conhecidos no Brasil, que no fundo, estão ou insatisfeitos ou infelizes, pois tem a pressão de manter esse estilo de vida acima de tudo (família, amigos, qualidade de vida, saúde, etc).  Bom, resumindo, o texto me fez refletir a respeito e posso confirmar que a vida na Europa é assim mesmo...


"No ano passado, meus pais (profissionais ultra-bem-sucedidos que decidiram reduzir o ritmo em tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde) tomaram uma decisão surpreendente para um casal – muito enxuto, diga-se – de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um parente, enfiaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático.

Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo no bairro modernista do Eixample (mas com um terço do tamanho e um vigésimo do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas algumas horas, uma vez por semana. Como nunca cozinharam para si mesmos, saíam todos os dias para almoçar e/ou jantar. Com tempo de sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente. Também viajaram um pouco pela Espanha e a Europa. E tudo isso, muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem proporcionaram incontáveis jantares regados a vinhos.

Com o passar de alguns meses, meus pais fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver aqui do que gastavam no Brasil. Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum programa cultural só de vez em quando (por causa do trânsito, dos problemas de segurança, etc), moravam em apartamento próprio e quase nunca viajavam.

Milagre? Não. O que acontece é que, ao contrário do que fazem a maioria dos pais, eles resolveram experimentar o modelo de vida dos filhos em benefício próprio. “Quero uma vida mais simples como a sua”, me disse um dia a minha mãe. Isso, nesse caso, significou deixar de lado o altíssimo padrão de vida de classe média alta paulistana para adotar, como “estagiários”, o padrão de vida – mais austero e justo – da classe média europeia, da qual eu e meu irmão fazemos parte hoje em dia (eu há dez anos e ele, quatro). O dinheiro que “sobrou” aplicaram em coisas prazerosas e gratificantes.

Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia.

Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum deles vem de família rica, muito pelo contrário) a dar uma limpada na casa nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não ter carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais “sustentável”. Não doeu nada.

Uma vez de volta ao Brasil, eles simplificaram a estrutura que os cercava, cortaram uma lista enorme de itens supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves, tornaram-se mais portáteis (este ano, por exemplo, passaram mais três meses por aqui, num apê ainda mais simples).

Por que estou contando isso a vocês? Porque o resultado desse experimento quase científico feito pelos pais é a prova concreta de uma teoria que defendo em muitas conversas com amigos brasileiros: o nababesco padrão de vida almejado por parte da classe média alta brasileira (que um europeu relutaria em adotar até por uma questão de princípios) acaba gerando stress, amarras e muita complicação como efeitos colaterais. E isso sem falar na questão moral e social da coisa.

Babás, empregadas, carro extra em São Paulo para o dia do rodízio (essa é de lascar!), casa na praia, móveis caríssimos e roupas de marca podem ser o sonho de qualquer um, claro (não é o meu, mas quem sou eu para discutir?). Só que, mesmo em quem se delicia com essas coisas, a obrigação auto-imposta de manter tudo isso – e administrar essa estrutura que acaba se tornando cada vez maior e complexa – acaba fazendo com que o conforto se transforme em escravidão sem que a “vítima” se dê conta disso. E tem muita gente que aceita qualquer contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida.

Alguns amigos paulistanos não se conformam com a quantidade de viagens que faço por ano (no último ano foram quatro meses – graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me perguntam eles, que têm sofás (em L, óbvio) comprados na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, TV LED último modelo e o carro do ano (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão).

É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade. Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os europeus — que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte do savoir vivre e sabem muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura.

PS: Não estou pregando a morte das empregadas domésticas – que precisam do emprego no Brasil –, a queima dos sofás em L e nem achando que o “modelo frugal europeu” funciona para todo mundo como receita de felicidade. Antes que alguém me acuse de tomar o comportamento de uma parcela da classe média alta paulistana como uma generalização sobre a sociedade brasileira, digo logo que, sim, esse texto se aplica ao pé da letra para um público bem específico. Também entendo perfeitamente que a vida não é tão “boa” para todos no Brasil, e que o “problema” que levanto aqui pode até soar ridículo para alguns – por ser menor. Minha intenção, com esse texto, é apenas tentar mostrar que a vida sempre pode ser menos complicada e mais racional do que imaginam as elites mal-acostumadas no Brasil."