segunda-feira, 6 de setembro de 2010

NEM TUDO SÃO FLORES

Uma amiga (irmã de coração) está tendo, pela primeira vez, a oportunidade de viver fora do Brasil por um longo período. Experiência essa que ela sempre desejou e lutou muito para conseguir. E ela, finalmente, alcançou seu objetivo por mérito próprio e com muito merecimento!

Mas onde é que estou querendo chegar com esse assunto?

É que recentemente nós tivemos um ótimo papo e pudemos dividir experiências, que antes nos eram mais limitadas, já que há coisas que somente podemos compreender completamente, quando somos colocados na mesma situação.

Falamos da solidão que se sente quando vivemos no exterior, principalmente nos primeiros meses. É incrível como nos sentimos sós, mesmo estando rodeados de pessoas. Eu já passei por isso três vezes, e mesmo com tais experiências, nunca deixei de sentir esse mesmo efeito, esse mesmo conflito de sentimentos, essa mesma solidão.

Porém a vantagem em já ter vivido isso algumas vezes, é saber que esse sentimento muda, passa, só variando o tempo que demora essa mudança, já que isso depende de cada circunstância e de cada pessoa.

Por isso vou dividir com vocês alguns conselhos ou simples observações que notei ao longo de minha caminhada. Tudo isso com o intuito de ajudar outras pessoas que estejam ou estarão algum dia vivendo uma situação parecida.

Primeiramente, os amigos dificilmente virão até você. Então, coloque o chapéu da humildade e vá atrás mesmo! No começo é assim, use seus contatos e suas ferramentas para ir descobrindo pessoas com quem você poderia ter afinidades. Se achar que não está havendo empatia no começo, não desista, uma hora você vai encontrar alguém especial, e que fará toda essa busca valer a pena! E tenho certeza de que você vai se surpreender e encontrará mais de uma pessoa que acabará fazendo a diferença na sua vida.

Segundo conselho, uma vez "enturmado", não espere se tornar melhor amigo de alguém de uma hora para outra. Não é assim no Brasil, porque seria diferente no exterior? Amizade exige tempo, dedicação, para que se consiga chegar a um estágio que gosto de me referir como "conforto". Sabe quando você conhece as pessoas, mas ainda não se sente 100% a vontade para ser você mesmo? Você fica pensando o que dizer antes de dizer, para saber se tal comentário é apropriado, se as pessoas estão gostando de você, etc. Pois é, isso é super normal e esse estágio também passa... Com o tempo, você vai poder dizer suas abobrinhas sem medo de ser feliz e sem medo de ser julgada ou perder a amizade! Você vai sim se sentir confortável com as pessoas!

Só para vocês terem uma idéia, agora é que estou me sentindo nessa fase de "conforto",  ou seja, depois de cinco meses de Austrália. Então, realmente não é da noite para o dia e é normal demorar mais ou menos do que isso. Já diz o sábio ditado: cada caso é um caso!

Por outro lado, na Alemanha eu me lembro de ter superado essa fase mais rapidamente, mas eram outras circunstâncias, um caso especial de um grupo que acolhia e que continua acolhendo com muito carinho os recém-chegados. Caso raro mesmo! Trago muito do meu lado prestativo e acolhedor desse tempo...

Terceiro, quando for se abrir com alguém sobre esse assunto, escolha direitinho com quem falar, senão você vai acabar escutando aquelas coisas típicas e desagradáveis: “ué, mas isso não era seu sonho? Tá reclamando porque? Você que quis morar fora, agora aguenta. Tá ruim aí, volta pra cá! Falei pra você não ir! Você não vai encontrar amigos melhores aí.”

Isso acontece com mais frequência do que imaginamos... Tais comentários vem de pessoas que, na minha opinião, são ainda um pouco pobres de espírito e dão opinião onde não tem condição, por pura falta de conhecimento. Além do que, nem tudo são flores. Isso é assim em qualquer situação da vida... We all should know better...

Mas não desanimem!

No fim das contas, sabe qual o lado bom dessa experiência, às vezes longa, às vezes sofrida?

Crescimento!!! Muito crescimento!!!

E sabem o que mais?

Amigos pra vida toda, amigos sem preconceito de cor, nacionalidade, origem,classe social, religião, idade... Amigos que você conquistou, apesar das dificuldades, das diferenças. Amigos que se apreciam pelas diferenças!

E ainda tem ainda mais...

Nos tornamos mais solidários com outras pessoas recém-chegadas. Aprendemos a estender a mão para essas pessoas porque alguém também já estendeu a mão para a gente e percebemos o quanto isso foi importante na nossa adaptação.

Enfim, adquirimos um nível de valorização das pessoas muito maior do aquele que costumávamos ter. Em outras palavras, passamos a dar um valor muito maior às pessoas que amamos. E esse ponto, tenho certeza, é unânime! Não é?

"A melhor maneira de amar de novo a pátria é afastar-se dela por algum tempo." (Nicolai Lesskov)

13 comentários:

  1. Nossa, so spot on!!! Realmente, acho que todos nós passamos por esta fase de solidão. Eu me lembro do buraco que eu sentia e não sabia explicar o que era. Demorou para dar o nome a ele de solidão, mas passou. Assim como passou certas decepções que apareceram no caminho. O que você disse a respeito de procurar, acho que é uma constante, depois que a gente encontra um groupo legal de amigos, a procura passa a chamar presevar/valorizar/respeitar.

    Algumas vezes, comentários como "não tá bom, volta para cá", "ué, não era seu sonho", etc... as pessoas não fazem por mal. Acho que elas, por não entenderem esta solidão de expatriado, querem ajudar dando uma solução rápida, quando na verdade só precisamos de alguém para ouvir.

    Mas uma coisa é certa, nada é mais gratificante que esta experiência de vida. Aprendemos a valorizar muito as coisas que antes não davamos a mínima, e isto é um avanço que pouca pessoas tem ou terão.

    Bjocas. Lindo este post!

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  2. Ai Fernanda, amei seu post, vc soube explicar exatamente como a gente se sente aqui no inicio. E vc, por mais que só esteja há 5 meses aqui, já passou duas vezes por essa experiência antes, então entende bem isso! ;) E acho q é o q vc disse mesmo, no inicio a gente não pode esperar que os amigos venham não, tem correr atrás, lembra qd eu te liguei logo nos meus primeiros dias de Austrália?? Pois é, e vc foi muito legal comigo, muito receptiva, eu lembro q fiquei muito feliz, muito obrigada!!!
    Beijaoo

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  3. Parabéns por este post!!!
    Adorei ler e me identicar com muitas das tuas palavras, continue postando sempre leio o teu blog, e muito do que tu conta ou já passei ou estou passando.
    O mais interessante é o que tu colocaste também acho que as pessoas são muito pobres de espírito, teriam que passar por realidades diferentes para poder entender a situação.
    Mas o melhor de tudo é que estamos passando pelas situações e acreditendo em sonhos que podem se tornar realidade.
    Abraços

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  4. Ede, vc tem razao mesmo, as pessoas muitas vezes nao fazem esses comentários por mal, mas por falta de experiencia mesmo. E com certeza essa é sem dúvida uma grande oportunidade para apreciar de uma maneira diferente coisas que antes nem ligávamos!

    Pois é Vi, nao tem que agradecer nao, vc é das minhas, coloca a mao na massa e vai atrás! E vale muito a pena, pois encontramos pessoas muito legais por aqui, nao é?

    Carla, bem vinda ao blog! Com certeza tem muito sonho que pode sim, se tornar realidade!

    Beijos meninas e obrigada pelos coments!

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  5. Oi... :)
    É, a solidão de estar a milhas de casa e longe daqueles que são nossos portos seguros é desesperadora... sei que uma hora a situação se inverte... mas a dificuldade de enfrentar as situações em ambientes nos quais a gente entende 1/5 das conversas e que nós não conseguimos expressar uma só opinião devido a falta de vocabulário é algo que desanima bastante...
    Correr atrás de fazer amigos não é a coisa mais natural do mundo, mas é preciso, às vezes com esforço a gente consegue mesmo conquistar pessoas bem bacanas... infelizmente não são todos que estão dispostos...
    Mas é isso, optamos por ter uma experiência única numa cultura completamente diferente e com uma língua que no início nos é um desafio, e vamos realizar os nossos sonhos, e dar mais valor ainda as pessoas que amamos, pois elas estão sempre lá, ao nosso lado, seja fisica ou mentamelnte...
    A Fê é assim ela consegue colocar em palavras muitos dos nossos sentimentos... sempre foi assim.. desde pequerrucha!!!
    Um beijo e obrigada pela força!

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  6. Ah.. esqueci de falar.. desta vez ainda não encontrei nenhuma pessoa como a Fê por aqui.. da outra vez eu tive a sorte de ter sido apresentada para uma pessoa com as características de recepção da Fê, hoje é um grande amigo meu.. e por acaso.. está na Austrália!!! Impressionante como meus amigos fugiram de mim aqui na Europa!

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  7. Ah amiga, obrigada pelas suas palavras... Vc sabe que vc mora no meu coração e que vou estar sempre aqui pra vc! Força aí que logo as coisas vão melhorar...
    Beijokas!

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  8. Vc disse tudo o q estou sentindo!!! 3 semanas aqui na Austrália, uma saudade de falar bobagens com minhas amigas do Brasil...mas é isso, sei q vai passar com o tempo,... estou tendo algumas amizades australianas bem legais, acho q vai dar certo!! aliás, tenho certeza pq só depende de mim!!! Pena q etou longe de Sydney...
    Adoro o seu blog!!!
    Bjos...
    Francine.

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  9. Oi Francine! Que bom que vc chegou bem! Uma pena vc estar longe de Sydney, senao poderíamos nos encontrar! E pode ter certeza de que vc vai encontrar amizades muito verdadeiras por aqui! Bjs!

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  10. Achei seu blog e gostei. Pretendo um dia morar em Sydney, daqui uns anos, vou conhecer minha neta e ficar aí. É um sonho. Vou seguir seu blog. Veja o meu
    http://turquezzavariedade.blogspot.com
    se gostar, siga e mate as saudades do BR! Beijos.

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  11. Olá Turquezza, bem vinda ao meu blog! Tomara que vc realize seu sonho logo! Vou ficar torcendo! Bjs!

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  12. Amei esse post Fernanda! Assino em baixo em tudo o que vc disse.

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